Carro em que estavam desaparecidos ao cobrar dívidas é encontrado dentro de bunker em área rural do Paraná

Escrito em 12/09/2025


Carro em que estavam desaparecidos ao cobrar dívidas é encontrado escondido dentro de bunk O carro em que Robishley Hirnani de Oliveira, Rafael Juliano Marascalchi, Diego Henrique Afonso e Alencar Gonçalves de Souza foram vistos pela última vez antes de desaparecerem foi encontrado nesta sexta-feira (12) escondido em um bunker na área rural de Icaraíma, no noroeste do Paraná. Os quatro estão desaparecidos há mais de um mês. Robishley, Rafael e Diego viajaram no dia 4 de agosto, de São José do Rio Preto (SP) até o Paraná, para cobrar uma dívida. Em Icaraíma, encontraram Alencar - suspeito de encomendar o serviço - e foram até uma propriedade rural. No dia 5 de agosto, todos deixaram de fazer contato com familiares e não foram mais vistos. Relembre os detalhes do caso abaixo. O carro foi encontrado pela Policia Militar Ambiental de Umuarama. Até a última atualização desta reportagem, o veículo estava sendo retirado e periciado. Existe a suspeita de que os corpos dos desaparecidos estejam no veículo. ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 Londrina no WhatsApp O caso é tratado como crime de homicídio pela Polícia Civil (PC-PR). As investigações estão sob sigilo. Antonio Buscariollo, de 66 anos, e o filho dele, Paulo Ricardo Costa Buscariollo, de 22, são considerados suspeitos de envolvimento no desaparecimento. Os dois estão foragidos desde o dia 6 de agosto. Carro desaparecidos foram vistos pela última vez foi encontrado em um bunker Polícia Militar Ambiental Da esqueda para a direita, Diego, Robishley, Rafael e Alencar. Reprodução Navegue nesta reportagem para relembrar o caso: Como foi o encontro entre os quatro e o desaparecimento? Quem são os suspeitos? Qual era a dívida a ser cobrada? O que dizem os advogados? Buscas na região e veículo apreendido Informações desmentidas pela polícia Como foi o encontro entre os quatro e o desaparecimento? Robishley Hirnani de Oliveira, Rafael Juliano Marascalchi, Diego Henrique Afonso viajaram no dia 4 de agosto, de São José do Rio Preto, em São Paulo, para cobrar uma dívida em Icaraíma, no Paraná. A investigação da polícia apurou que eles foram contratados por Alencar, que se juntou ao grupo quando todos chegaram à cidade. A polícia acredita que eles foram, ainda no dia 4 de agosto, até o distrito de Vila Rica do Ivaí para cobrar o devedor. Depois desse primeiro contato, eles combinaram voltar no dia seguinte. No dia 5 de agosto, os quatro aparecem conversando no balcão de uma panificadora de Icaraíma, por volta das 10h. Eles deixaram de responder as famílias por volta das 12h. O registro da câmera de segurança do comércio é o último divulgado. Vitimas foram vistas pela última vez em uma padaria em Icaraíma. Polícia Civil (PC-PR) Na quarta-feira (6), a esposa de Robishley procurou a polícia do estado de São Paulo para relatar o desaparecimento do marido e dos dois amigos que viajaram com ele. LEIA TAMBÉM: Investigação: Mulher leva celular para conserto e assistência técnica descobre que ela compartilhava imagens de exploração sexual da filha Iporã: Homem sai de casa de pijama, avisa mãe que pegaria carregador na casa de amigo e é encontrado morto Crime: Marido encontra esposa com amante ao chegar em casa e mata homem a facadas Quem são os suspeitos? Pai e filho são considerado foragidos pelo desaparecimento de quatro homens PCPR No dia 6 de agosto, a polícia foi até a propriedade no distrito de Vila Rica do Ivaí onde os quatro haviam visitado para a cobrança da dívida. No local, Antonio Buscariollo e Paulo Ricardo Costa Buscariollo receberam a equipe e foram levados à delegacia. “Eles [Antonio e Paulo] confirmaram que havia um negócio envolvendo a compra e venda de uma propriedade rural entre Alencar e dois parentes deles, mas disseram que não tinham relação direta com a dívida”, explicou o delegado Gabriel Menezes. Pai e filho, de 66 e 22 anos respectivamente, passaram a ser suspeitos depois que deixaram a propriedade assim que foram liberados da delegacia. Desde então, eles não foram mais encontrados e mandados de prisão temporária contra eles foram expedidos. Com o avanço da investigação, foi estabelecida a suspeita de que eles tenham participado de uma emboscada, que causou a morte das vítimas, no momento em que os quatro homens foram fazer a cobrança. Os detalhes sobre esta apuração não foram compartilhados. Segundo a Polícia Civil, Antonio possui antecedente criminal por posse ilegal de arma de fogo. Paulo não tem passagens pela polícia. Além disso, todas os familiares que moravam no local com eles desapareceram. Eles também são investigados, porém, os nomes não foram divulgados. Qual era a dívida a ser cobrada? Delegado fala sobre dívida que motivou cobrança de homens que estão desaparecidos no PR Conforme a polícia, a família de Antonio e Paulo comprou uma propriedade rural de Alencar por R$ 255 mil. O delegado Gabriel Menezes informou que Alencar, que é morador de Icaraíma, vendeu a propriedade para a família e dividiu o pagamento em dez notas promissórias de R$ 25 mil cada. Contudo, nenhuma parcela deste valor foi paga, e esta seria a cobrança que Robishley, Rafael e Diego foram contratados para fazer. O delegado também disse que familiares dos desaparecidos informaram que os três homens trabalham com cobrança de dívidas há cerca de 13 anos. Anteriormente, a esposa de uma das vítimas declarou no registro do boletim de ocorrência do desaparecimento que o valor da dívida seria de R$ 1 milhão. Outras pessoas ouvidas pelas autoridades disseram que o valor real seria de R$ 100 mil. Entretanto, somente o valor de R$ 255 mil foi confirmado durante a investigação. O que dizem os advogados? O advogado Renan Farah, que atua na defesa de Antonio Buscariollo, de 66 anos, e o filho dele, Paulo Ricardo Costa Buscariollo, de 22, disse que os dois são inocentes e fugiram por medo, após receberem áudios com ameaças de morte. Farah disse ao g1 que houve um desacordo comercial depois que a família Buscariollo vendeu uma propriedade rural para Alencar. Contudo, ele não conseguiu pagar o valor e, por isso, devolveu a propriedade à família. Segundo o advogado, Alencar alegou que tinha feito benfeitorias no imóvel - como o preparo do campo, pasto e cercas - e cobrou R$ 100 mil pelo trabalho. Porém, a família não aceitou a proposta e sugeriu pagar R$ 15 mil. Para este pagamento, conforme a defesa, seria necessário vender a propriedade. "Essa reunião que eles tiveram [no dia 4 de agosto] era a respeito disso e ficou nessa conversa", disse. Para provar a versão, o advogado pediu uma análise de Estação Rádio Base (ERBs) - equipamento de torre de celular que faz a conexão entre o celular e a companhia telefônica. De acordo com Farah, isso poderá mostrar onde estavam Antonio e Paulo Ricardo no dia do desaparecimento. Ao ser questionado se os foragidos pretendem se entregar à polícia, o advogado respondeu que, antes, planeja derrubar as medidas judiciais que determinaram as prisões temporárias. "O plano é conseguir derrubar a medida protetiva, a prisão temporária que está decretada, e depois, sim, se apresentar novamente. Mas o motivo da fuga, o motivo de eles não terem se apresentado até agora, não é nem a questão do medo da polícia, do medo da investigação, mas sim o medo das ameaças de morte que eles sofreram", afirmou. Advogado dos suspeitos fala sobre investigação em Icaraíma A advogada Josiane Monteiro, que representa a família dos desaparecidos, defende que o caso seja tratado como um crime de homicídio, apesar de a família das vítimas aguardar atualizações positivas. "Nós sabemos, de forma técnica e pela experiência na área, que as chances de encontrar essas pessoas com vida são muito pequenas. Mas, a família permanece com a esperança de que tenha uma resposta positiva e que eles possam ser encontrados com vida. Eles estão sofrendo demais", contou a advogada. Monteiro informou que os familiares procuraram a Polícia Civil do estado de São Paulo (PC-SP), bem como a Secretaria de Segurança Pública do estado (SSP-SP) para pedir apoio. No momento, as corporações aguardam aprovação do requerimento com o pedido de colaboração para integrar a investigação sobre o caso. Para ter alguma notícia, as famílias dos desaparecidos passaram a oferecer uma recompensa de R$ 50 mil para qualquer tipo de informação que leve não só ao paradeiro dos suspeitos, como também às vítimas desaparecidas. Buscas na região e veículo apreendido Desde o dia 6 de agosto, a polícia tentou reconstituir o itinerário feito pelos envolvidos, mas as vítimas e o carro em que elas estavam não foram encontrados. Eles recolheram as imagens de câmeras de segurança da propriedade onde a família dos suspeitos mora, mas não informou se alguma pista foi identificada nelas. No dia 8 de agosto, um carro que pertence aos suspeitos foi encontrado e apreendido. Uma perícia foi realizada pela Polícia Científica no veículo, mas os resultados não foram divulgados. Carro de suspeitos de emboscar homens que foram cobrar dívida foi apreendido pela polícia. Polícia Civil (PC-PR) As buscas na região, segundo a polícia, são feitas todos os dias desde o registro do desaparecimento. Eles usaram equipamento sonar – utiliza ondas sonoras para detecção e localização de objetos em ambientes aquáticos -, cão farejador do Grupo de Operações de Socorro Tático (Gost) do Corpo de Bombeiros de Curitiba, helicóptero com câmeras de filtro infravermelho para detectar calor humano e outros equipamentos. 5º dia de buscas pelos desaparecidos estão concentradas no Rio Ivaí Corpo de Bombeiros Informações desmentidas pela polícia A polícia confirmou que um dos desaparecidos enviou uma localização para um amigo em São Paulo, por meio de um aplicativo de mensagens. Entretanto, foi apurado que a conversa aconteceu antes do desaparecimento e tinha como tema a compra de um veículo. A vítima enviou a localização apenas para mostrar que são estava no estado. No dia 25 de agosto, o delegado Gabriel Menezes também descartou a possibilidade de que os quatro homens, junto aos dois suspeitos, usaram uma balsa para ir até o Mato Grosso do Sul. "Essa informação não procede. Não há nada nesse sentido no bojo das investigações", disse. VÍDEOS: Mais assistidos do g1 Paraná Leia mais notícias no g1 Norte e Noroeste.